13 de out. de 2011

Jovens são os que mais sofrem com desemprego

Criatividade e Cultura: chave de acesso ao trabalho digno e libertador

Dados do IPEA divulgados no último dia 16 confirmam uma realidade preocupante: jovens são os que mais sofrem com desemprego. O estudo, que mostra a percepção dos brasileiros sobre mercado de trabalho e qualificação profissional, compõe o Sistema de Indicadores de Percepção Social – trabalho e renda*. Segundo a pesquisa, as principais razões que levam os jovens (grupo considerado entre 18 e 29 anos) a manter-se na inatividade são: o baixo salário oferecido, não ter com quem deixar criança/idoso/deficiente, trabalho doméstico e, sobretudo, a falta de qualificação ou experiência. Quando perguntados se, caso recebessem uma proposta, aceitariam o emprego, responderam que sim 84,21% dos homens e 73,71% das mulheres jovens. Quanto ao grupo de desempregados, os dados são ainda mais alarmantes: embora a população jovem componha cerca de apenas 30% da amostra, corresponde a 54% dos desempregados. Nesse grupo, a falta de qualificação é apontada como a principal razão do desemprego.

Em Araraquara, o Mapa da Juventude, pesquisa de comportamento sobre o jovem araraquarense realizada pela Assessoria de Juventude em 2007, revela que 46,5% dos jovens estavam desempregados e em busca de emprego. Ainda que se revele um quadro local mais favorável em comparação aos dados nacionais, é preciso considerar possível defasagem nos dados (uma vez que não é público algum trabalho de atualização desses dados após quatro anos) e também o perfil socioeconômico da nossa região comparada à imensa diversidade brasileira.

Assim, a baixa escolaridade, somada à falta de experiência e qualificação profissional é uma combinação nefasta que tem empurrado cada vez mais a maioria da população jovem às margens da vida produtiva ou, quando inserida, de forma precária e com poucas perspectivas de ascensão social.

Este quadro é um desafio imenso a ser enfrentado pelo país e requer medidas inovadoras. Além do aumento da oferta de qualificação profissional direcionada ao mercado de trabalho tradicional, fortalecido sobretudo pelo boom na construção civil e no setor de serviços, a chamada “Economia da Cultura” pode e deve ser uma alternativa considerada pelo poder público como estratégica para a superação desse quadro. Pesquisas recentes, realizadas pelo IPEA sobre a geração de emprego no setor cultural, indicam que esse segmento é um importante componente do mercado de trabalho e possui dinamismo e potencial ainda não explorado sistematicamente para gerar ainda mais empregos, renda e bens simbólicos.

A economia da cultura é uma das que mais cresce no mundo e no Brasil já representa cerca de 7% do PIB. Ela engloba as indústrias culturais (editorial, fonográfica e audiovisual); a mídia (jornais, rádio e TV); as expressões da cultura (artes cênicas, artes visuais, literatura, música, cultura popular); as instituições culturais (museus, arquivos, bibliotecas e centros culturais), os eventos, festas e exposições; outras atividades criativas como a publicidade, a arquitetura e o design (gráfico, de produtos, da moda e de interiores), além do turismo cultural.

Essa economia é baseada num recurso praticamente inesgotável - a criatividade -, e tem forte impacto sobre o desenvolvimento de novas tecnologias.** Considerar as potencialidades desse vetor econômico como eixo estruturante nas políticas de acesso ao mundo do trabalho pela Juventude é ainda mais promissor quando se constata que a economia da cultura reflete em benefícios para além das atividades em si, uma vez que seus efeitos criam lazer e bem-estar, fortalecem os vínculos de sociabilidade, contribuem com a educação, com a saúde, com o desenvolvimento econômico em geral. Portanto, resultam em mais qualidade de vida. Trata-se de uma área abrangente e extremamente atraente para o jovem, como também é possível identificar em nível local a partir de uma leitura detalhada do Mapa da Juventude.

É preciso que os governos federal, estaduais e municipais considerem com mais prioridade a relação entre Economia da Cultura, Juventude e Desemprego, e invistam financeira e politicamente no jovem como sujeito potencial das políticas inovadoras.

*Fonte: ipea.gov.br
** Fonte: Texto base da II Conferência Nacional de Cultura

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