As articulações para a mesa
diretora da Câmara neste início de legislatura seguiram, em grande parte, o
ritual previsto. Eleição do candidato do governo – que goza de ampla força
política no período pós - eleitoral, sem desgastes, com as secretarias
municipaisdevidamente distribuídas e alinhado com sua base de vereadores.
Positivo constatar que o campo
politico que se elegeu, liderado por João Farias, o novo presidente, apresentou
propostas consistentes que, justiça seja feita, são as mesmas propostas que o
PT apresenta ao legislativo há pelo menos duas décadas. Nada que tire, no
entanto, o mérito das propostas ou diminua a aparente boa intenção do
presidente eleito.
A bancada petista, renovada em
dois nomes, mais coesa e tão disposta quanto a anterior, embora não conte agora
com toda a capacidade de trabalho, com a competência jurídica e energia da
ex-vereadora Márcia Lia, é uma bancada ciente dos desafios que terá que
enfrentar, tanto na fiscalização do governo, da própria Câmara, quanto também
na apresentação de proposituras importantes para a cidade em fina sintonia com
a população.O PT apresentou propostas inovadoras para o legislativo, como
sempre o fez, de forma a aperfeiçoar os espaços de participação popular, a
transparência e o diálogo com a cidade, propostas que foram entregues ao
presidente eleito e pelas quais lutaremos, como a Comissão de Participação
Legislativa, que visa eliminar os trâmites burocráticos para proposituras de
iniciativa popular.
Mas toda disputa tem um perdedor,
que pode sair dignamente do processo ou derrotado e pela porta dos fundos e
esta segunda ilustração infelizmente é a que melhor se adequa ao vereador Boi,
reeleito como o mais votado na cidade, mas que se colocou de forma mesquinhano
processo. João Farias teve seu mérito, mas a seu favor contou com um adversário
que estava na disputa tão somente para negociar seus caminhos com o governo.
Uma máxima que a gente aprende na
vida e deve sempre ter como diretriz na política é que não se abandona
parceiros de primeira hora. E Boi fez isso da forma mais leviana, negociando
seu voto em João Farias com o governo, não se sabe ainda em que termos, talvez
a liderança do governo na Câmara e outras coisinhas mais, deixando Juliana
Damus e Dr. Lapena na constrangedora situação de terem que se abster,
considerando que o voto no PT os fariam passar os quatro anos a “pão e água”
com o governo.
Ainda que considerando ter sido
um bom presidente, o vereador Boi se apequenou na condução do processo de sua
reeleição. Conduzido pelo G 5 em sua eleição em 2011, liderado pelo ex-vereador
Paulo Maranata – que negociou o G5 por uma secretaria na época - e conquistando
a vitória com os votos da bancada do PT, Boi não demonstrou habilidade ou
propostas, ficou o tempo todo à espera de um acordo com o governo, que
finalmente veio, salvou o seu e deixou parceiros pelo caminho. Sai pelas portas
dos fundos da Câmara Municipal e vai perdendo cada dia mais a oportunidade de
se consolidar como uma grande liderança política na cidade, fadado à eterna
reeleição como vereador que sobreviverá de acordinhos baratos com o executivo.
Não é de gente assim que a política feita com qualidade precisa, pelo
contrário.
Vale ressaltar mais uma vez a
coragem de Juliana Damus e Dr. Lapena, que seguiram suas convicções e se
abstiveram na votação para a presidência. Honraram a palavra dada a seus
eleitores.
Com relação ao PT, lançar Édio
Lopes foia alternativa diante da desistência de Boi, com quem já tínhamos
dialogado por diversas vezes e ao final estávamos convictos de sua desistência,
pois sequer este papel Boi se dignou a cumprir, comunicar claramente a seus
apoiadores que não seria mais candidato.
A opção do PT em não apoiar João
Farias se deu pela coerência, pois a história da relação entre o PT e o então
líder de governo deixou muitas arestas mal aparadas. Nada impede que escrevamos
uma nova história daqui pra frente, mas política deve ser feita com coerência,
posição política clara, postura democrática e respeito a seus pares, é o que
esperamos do novo presidente.
E porque eleger Jair Martinelli
para a Mesa Diretora se foi nomeado Secretário de Esportes?
Outra certeza inabalável é que a
atual Mesa Diretora da Câmara exigirá muita atenção e fiscalização dos partidos
de oposição e dos movimentos sociais, disso ninguém duvida...
André Agatte